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Mais de 18 mil famílias que recebiam o Bolsa ficam de fora do Auxílio Brasil no Ceará


Um cruzamento dados do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e do Ministério da Cidadania e enquanto 1.112.778 famílias cearenses recebiam o Bolsa Família em outubro deste ano, na substituição pelo Auxílio Brasil, um número menor (1.094.588) entrou na folha de pagamento conforme quantidade revelada deste primeiro dia de pagamento do novo benefício, que iniciou ontem. As informações são do Jornal O POVO.

Conforme o CadÚnico, o número de beneficiários dos programas sociais é “flutuante” em virtude da constante atualização da base de dados com a inclusão e exclusão de pessoas na folha de pagamento. Mas a variação entre os meses de outubro e novembro deste ano durante a transição dos programas é a maior registrada nos últimos 28 meses.

Oficialmente, o Ministério da Cidadania afirma que o pagamento médio do Auxílio Brasil é de R$ 224,41 com reajuste de 17,84% em relação ao Bolsa Família. Porém é 15,11% menor que os R$ 250 pagos em outubro de auxílio emergencial às famílias e 45% menor que os R$ 400 prometidos pelo presidente Jair Bolsonaro.

Assim, nesta primeira rodada de depósitos serão aplicados R$ 3,25 bilhões para 14,6 milhões de famílias brasileiras. Porém, com novos critérios e muitas incertezas para os beneficiários, mesmo quem migrou automaticamente para o novo programa social relata dificuldades no recebimento e surpresa ao constatar um valor menor do que o usual.

É o caso do cearense João Célio Barbosa, pedreiro autônomo de 64 anos, que vive de bicos e dependia do Bolsa Família para complementar a renda. “Eu fui receber o meu pagamento na lotérica que sempre recebia e lá me deram só o papel limpo, não tem nada e ninguém sabe me explicar”.

João se deslocou até a unidade do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) da rua Cândido Castelo Branco, na Barra do Ceará, para questionar a suspensão do pagamento, mas foi orientado a ir até uma agência da Caixa Econômica Federal para tentar reverter o bloqueio de sua conta.

“O que eu posso fazer é ir lá na Caixa e tentar né, eu renovei agora em outubro, os dados, toda papelada, tudo tudo e até agora ninguém sabe me explicar o que aconteceu”, relata em tom cansado. “Sabe meu Deus do céu a fila que vou pegar no banco, meu filho. Eu estou sem trabalho, uso o dinheiro para pagar a água, o gás, é a ajuda de custo pra tudo”, complementa.

Ele relata que recebia R$ 189 por mês do Bolsa Família e que durante a pandemia, devido o Auxílio Emergencial, passou a receber R$ 250. “Agora, com o Auxílio Brasil não recebi nada, aí ficou pior né?”, diz em meio a um riso seco.

Sobre a diminuição do número de beneficiários, como João, o Ministério da Cidadania afirmou que, “em novembro, foram migradas automaticamente as famílias do Bolsa Família que estavam na folha de pagamento de outubro, com exceção daquelas em que foi verificado, em qualquer momento do mês de outubro, o descumprimento das regras de gestão de benefícios do Programa Bolsa Família.

No entanto, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou na terça-feira, 16, que,a partir do próximo mês, o sistema de revisão mensal entrará em funcionamento e irá atualizar a lista de pagamento do Auxílio Brasil a cada 30 dias, podendo incluir novos beneficiários no pagamento do benefício e corrigindo erros.

(Com colaboração do repórter Gabriel Borges)

Blog Manuel Sales

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